2013 – MIST OF THE EARTH

 

UM RETRATO SEDUTOR DA ALMA BRASILEIRA

“Na exuberância de suas fotocolagens, Denise Milan oferece um retrato sedutor da alma brasileira, em geral tão obscurecida por rótulos e definições estereotipadas”, destaca a jornalista cultural e influente editora Lívia Pedreira. Em visita recente ao ateliê de Denise Milan, Lívia descobriu um rico acervo sendo trabalhado há vinte anos – não só revelador, mas também identificador, esclarece Lívia, por ser uma representação muito mais abrangente do que as evocações “turísticas” anacrônicas associadas ao Brasil.

“Suas composições são como as multifaces do cristal,” diz Lívia, “refletindo a profusão de tradições e inovações, unidades e diversidades, mitos e sonhos de nosso tempo. Os cristais são, na realidade, um elemento chave na obra de Denise Milan, que empresta da natureza da pedra a imagem especular do mistério do Brasil e do seu povo – ora recoberta por uma bruma dourada, ora emoldurada em cores tropicais arrebatadoras”.

 

O RESULTADO DE UM TRABALHO DE DUAS DÉCADAS

Em seu trabalho com raízes em tradição profundamente humanística há mais de vinte anos – como ativista ecológica e em educação artística – Denise Milan cria esculturas, instalações fotográficas e performances cuja inspiração dinâmica advém de sua convivência e de entrevistas com pessoas nas cidades litorâneas do Brasil, como Paraty, e também de regiões desoladas pela seca no nordeste brasileiro.

Denise Milan: Mist of the Earth é o apogeu de suas experiências de vida e a incorporação das preocupações atuais da artista – ao mesmo tempo o testamento de um incômodo legado da época colonial, da escravidão de povos africanos, do espólio de regiões inteiras, e os elementos mais positivos que representam a vida do Brasil, sua beleza extasiante, sua sensualidade provocadora e seu misticismo arrebatador.

 

UM ESPETÁCULO EM TRÊS ATOS: PARAÍSO / PARAÍSO PERDIDO

/ PARAÍSO RECUPERADO

A exposição de Denise Milan no Centro Cultural de Chicago será instalada em três zonas temáticas: “Paraíso”, “Paraíso Perdido” e “Paraíso Recuperado”.

  • “Paraíso,” a primeira zona, repleta de colagens fotográficas, compõe, de maneira lúdica, um mundo natural de vegetação abundante e exuberante, habitado por amigos da artista e também por criaturas míticas. As cores brasileiras e a iconografia em propagação radiante, a força primal retirando energia da terra e das flores e transferindo para os mitos e os mistérios da existência humana.

  • As fotocolagens em “Paraíso Perdido” exibem um planeta destruído, depauperado. Nesta zona, pessoas em tormento – cuja história incorpora a abdução da África e a escravidão – se equiparam à devastação da terra – a mineração ilegal e o desmatamento de sua região na Bahia. Dominando o centro desta área da exposição encontramos uma grande escultura de forma circular, em bronze, desgastada pelo tempo e parecendo nada mais que uma moeda imensa e usada – talvez um pagamento simbólico pela apropriação indébita de terra e de vidas? Esta parte da exposição surgiu de uma iniciativa de ativismo ambiental recente que se transformou em movimento nacional, quando Denise Milan ajudou a salvar uma montanha na Bahia: uma importante montanha de quartzo verde foi poupada das atividades de mineração e se transformou em um tesouro histórico nacional.

  • “Paraíso Recuperado,” a terceira zona da exposição, contempla a possibilidade de esperança na escuridão e depois dela. Aqui Denise Milan conclama o espírito de otimismo para a reversão das perdas sofridas pela natureza e pela humanidade, e para a perspectiva de novas formas de entendimento entre as pessoas, os países, os governos e os interesses comerciais. Colagens e esculturas monocromáticas e prateadas com flores imaginárias de cristal dominam esta zona, sugerindo uma existência nova e mais harmoniosa na Terra. A instalação convida o public a compartilhar a possibilidade de uma integração catártica.

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