DEPOIMENTO DE JORGE COLI (FRAGMENTO)

Gravado em maio de 2011 pela TAL - Televisión América Latina

Denise trabalha como se fosse uma alquimista, mas uma alquimista que não utiliza processos físicos de transformação. São processos de inspiração, processos mentais, processos intuitivos. Essa alquimia espiritual, mental, parece-me resumir o conjunto de obras que nós temos aqui. Elas tendem para a necessidade de uma busca de sentidos, que talvez seja o elemento mais critico da nossa civilização, que se reduziu a comportamentos imediatos e mecânicos e que perde o poder de pensar, de meditar, de se interrogar sobre as coisas mais misteriosas. É uma porta, uma abertura. E me parece ser esse o papel do artista.

Na exposição há uma sugestão, em primeiro lugar, da ideia de decifração. Essa ideia é muito forte e ela aparece na concepção das pedras que se transformam em livros (série Quartzografia) para exibir outras pedras em situações complexas, diversas, delicadas, estimulantes, misteriosas. É melhor inclusive nem tentar explicar muito em detalhes e deixar que flua esse princípio de um mistério contido num livro de pedras, que eu portanto não posso virar as páginas e ler, mas que me convida a decifração.

Existem outros elementos que estarão presentes. A transformação da pedra nessas marcas,nesses cilindros (série Tablets da Terra) que imprimem sobre a argila sinais evocando processos arcaicos de mineralização, fósseis, coisas desse tipo, e que são, de algum modo,fabricações artificiais, mas que remetem sempre a ideia da pedra primordial.